domingo, 7 de agosto de 2005

Ah... os domingos

É domingo. Meu Deus. É domingo. Mesmo que tirassem do meu alcance todos os calendários e eu vivesse uma relação de tempo intuitiva, ainda assim eu saberia quando é domingo. O vazio melacólico das ruas, a interminável preguiça, a entendiante programação da televisão, a vontade de sequer tirar o pijama ou arrumar a cama... essas coisas e outras que estão no ar denunciam que o domingo chegou. Que fazer, então? Churrascos com pessoas conversando além dos decibéis suportáveis? Restaurantes lotados com famílias para as quais o domingo é a libertação da escrava do lar que cozinha de segunda a sábado? Almoços familiares que trazem à tona sempre velhas rixas que se julgavam esolvidas há tempos? Ligar a televisão e ficar apertando o controle remoto a cada 5 segundos com o comentário de " essa programação é patética"? Ir ao clube e, depois de lutar para encontrar um lugar para colocar a toalha, lambuzar protetor solar fator 60 pra não se expor ao câncer, ouvir crianças gritando que querem sorvete, homens olhando acintosamente a bunda das meninas, sentir o cheiro de urina que emana da piscina? Ficar em casa é opção: ler, arrumar gavetas, fazer uma comidinha caseira, cochilar à tarde... mas, lembrem-se, é domingo, não há disposição para isso. No final do dia, a música do Fantástico avisa que a tortura está quase acabando (aliás, vou propor que nos mobilizemos contra essa música - tenho a impressão de que ela provoca depressão aguda). Resta-nos o consolo de ir domir pensando: O domingo acabou! Mas a algegria dura pouco. Esse diabo é persistente e pontualíssimo: aparece, sem a menor cerimônia, semanalmente... entre a balada do sábado e a rotina da segunda. Não há como dele escapar...É domingo. Meu Deus. É domingo.