domingo, 5 de março de 2006
Filhos....
Vivemos desempenhando papéis. Quanto mais vivemos, mais papéis... Deveríamos todos fazer curso de artes cênicas para nos sentirmos mais seguros no espetáculo da vida! Perverso espetáculo: não temos diretor, não temos ensaios e o improviso conta mais do que o texto! Os meus papéis são muitos, talvez mais do que eu consiga desempenhar: o de cidadã, o de mulher independente pós-moderna, o de amiga, o de filha, o de profissional... mas de todos, o que mais me desespera é o de mãe! Sinceramente, nunca sei o que fazer! Dou o tom de comédia quando a situação é trágica (e vice-versa!), não entendo as deixas, sinto-me uma atriz desastrosa!!! Me vem agora a certeza de que filhos deveriam vir - como os aparelhos de dvd - com manual de instrução, daqueles bem didáticos que vêm com uma parte assim: o que fazer em caso de... Não seria ótimo? Problemas?! Consulte o manual! ah... delírios! Adoro ser mãe, amo meus filhos ... gosto tanto que termino adotando outros ao longo do tempo... mas confesso a sensação de às vezes me sentir incompetente: dou amor de mais ou amor de menos? sou mais tolerante ou mais exigente? tento ser amiga ou sou simplesmente mãe? Alguns livros de terapeutas e pais mais-ou-menos-bem-sucedidos dão conselhos, mas não os acho confiáveis. E sigo meu instinto. Às vezes, quero pegar meus filhos no colo e niná-los como se ainda fossem crianças; às vezes quero lhes dar palmadas como se ainda fossem crianças... O meu coração me diz, entretanto, que eu só devo ficar por perto: não dizer nada, estar presente e ajudá-los a juntar os cacos quando for necessário... será que isso basta?
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