sábado, 17 de setembro de 2005

Do anonimato e outras covardias

As máscaras são um prato cheio para a psicanálise. É impressionante como as pessoas se sentem protegidas quando estão mascaradas: a personalidade se dissipa, os valores morais e éticos se flexibilizam e as verdades se soltam... dê uma máscara a alguém, proteja-o na cômoda situação do anonimato, e verá quem ele realmente é. As máscaras usadas nas comemorações do carnavel têm protegido secularmente indivíduos que jamais se revelariam de cara lavada. No mundo pós -moderno, a comunicação virtual da internet funciona como máscaras na nossa prática social: pelo teclado e pelo monitor, sob a segurança do contato virtual, podemos criar falsas imagens, contar falsas verdades, dizer coisas que seduzem, magoam ou perturbam sem nos preocuparmos em sermos descobertos. A virtualidade da net nos dá a serena garantia do anonimato. É prático, mas não é honesto... cá entre nós, é até covarde dizer aos outros o que eles não merecem ouvir sem lhes dar a chance de contra-argumentar, pois o interlocutor é um ser "anônimo". Aprendemos que é covardia tirar doce de criança, bater em gente menor do que a gente, esquivar-se da responsabilidade de ações deliberadamente praticadas, maltratar quem já está destruído... mas é preciso ver que, dentre as muitas covardias a que estamos expostos - como praticantes ou receptores - o anonimato é, talvez, a mais perversa: ele destrói sob a segura certeza de que não será descoberto, protege-se sob a máscara do irreconhecimento... Amigos, sejamos bravos... assinemos nossas considerações, assumamos nossos posicionamentos! Abaixo a covardia do anonimato!!!