domingo, 18 de setembro de 2005

Pagar para ver!

Sabe aquelas finais de jogos em que não é possível ter empate? Pois é, alguns jogos da vida são assim: é ganhar ou perder. Sempre tive medo desse tipo de situação (confesso que, na hora das decisões por pênaltis, não consigo ficar na sala vendo a TV... ). Esse medo de perder me paralisa a vida: faço poucas apostas, raramente blefo, sou a primeira a sair da mesa. Admiro - e muito - aquele tipo de pessoa ousada que tudo arrisca e, se tudo perder, não lastima ou desanima: afinal faz parte do jogo - dizem com a naturalidade dos apostadores compulsivos... Não sei que tipo de situação nos tira dos trilhos (ou, enfim, nos coloca neles...), mas ontem eu paguei para ver! Que medo, que vergonha, que pavor terrível tomou conta de mim quando eu joguei os dados na mesa - ainda mais porque - pasmem! - quem propôs o jogo fui eu! Que ousado espírito tomou conta de mim para que eu fizesse isso? Até agora não sei... Sei que joguei, apostei alto, arrisquei, perdi o controle (meu Deus!), sabendo que não haveria empate: ou eu ganharia ou eu perderia. E sabem o que aconteceu? Eu perdi. E não foi uma derrota qualquer... foi um pouco humilhante, muito desoladora, absolutamente constrangedora, inesquecivelmente dolorida. Mas, apesar de tudo, eu me sinto uma vencedora. Por quê? Porque eu tive coragem de jogar, arriscar, expor-me à vitória ou à derrota, mas expor-me... sair da cozinha e ver os pênaltis na televisão. Poderia ter sido melhor se eu tivesse ganhado... será?... não tenho certeza. Talvez seja uma forma de consolo, não sei, mas acredito que o prazer - para mim, hoje - não está em ganhar... definitivamente não! O prazer que toma conta de minha alma hoje vem do orgulho de ter rolado os dados enfim... e de ver que eu ainda - embora já nem desse conta disso - estou no jogo!!! Que venham outros dados e novos jogadores!