domingo, 16 de outubro de 2005

Psiu....

Olhares. Gestos. Palavras. Silêncios. São tantas as formas de comunicação humana que às vezes é absurda a incomunicabilidade do mundo pós-moderno. Ou talvez ela exista porque o homem supervalorize o poder da palavra e faça discursos verborrágicos e vazios de siginificados. A palavra é o mais banal e perigosamente adulterável código de linguagem. Convenhamos: a tão fácil falar quanto falar o que não se sente. Falamos demais: frivolidades, acusações, mentiras... Acho que precisaríamos não falar durante, pelo menos, uma semana para sentirmos novamente o poder do toque, do olhar, do pequeno e do grande gesto. Podemos passar uma lista de assinaturas e, se conseguirmos o suficiente, entraríamos com uma petição no Congresso exigindo um decreto: Durante uma semana, todos estão proibidos de falar. Pena para o trangressor: ouvir ininterruptamente a Hora do Brasil!!! Talvez assim nossos sentidos ficassem mais aguçados para ir além das palavras. Talvez até conseguíssemos - ah! ilusão! - entender o silêncio... o mais cruel dos mecanismos de comunicação. O silêncio é carregado de ambigüidades, é prenhe de dúvidas. O silêncio deixa as coisas no ar, pode até destruí-las, mas não de uma vez: ele o faz com a lentidão dos perversos... O silêncio é um sinal de reticências contínuo... uma apnéia na hora do mergulho... o segundo que precede o pênalti. Silêncio: de quanto mistérios és feito? "Cala-te e aprende a ouvir-me" - ele me sussurrou agora. Psiu...