quarta-feira, 7 de setembro de 2005

Amor, afinal...

Em mesa de bar, a conversa não tem rumo certo: muda-se de assunto na mesma velocidade em que se pede mais uma rodada. Política, futebol, o sujeito da mesa ao lado, o preço da cerveja... tudo isso é comentado em menos de 5 minutos. Não entranhei, então, que aparentemente do nada alguém tenha-me feito a pergunta: "Qual a diferença entre amor e paixão?". Antes de dar uma resposta (se é que eu a tinha), reparei bem o perfil do meu interlocutor (na verdade, interlocutora): uma jovem de aproximadamente 20 anos, de bem com a vida, bela, inteligente... bem longe dos padrões ingênuos de certos eternos adolescentes. Naiara é seu nome. Naiara não é ingênua, mas tenho a impressão de que ainda conserva certa tendência aos sonhos... Naiara acredita no amor. E eu desiludi Naiara, dizendo-lhe que o amor só existe, de maneira eterna e incondicional, entre mãe e filho. O resto é paixão, carência, desejo, amizade... Impiedosamente, talvez, tenha-lhe entristecido a alma. Perdoe-me, Naiara! Queria poder manter os seus devaneios românticos. Queria dizer que cada um de nós tem uma alma gêmea e, se formos bonzinhos e dermos sorte, ela aparecerá...Queria dizer que o sentido da vida é amar, que sem amor é impossível ser feliz... Queira dizer que a sensação de desejo que algumas pessoas nos despertam pode ser eterna... Queria dizer que a cumplicidade de andar de mãos dadas pela rua às três da madrugada pode ser perpetuada... Queria dizer que amar só depende de você, amor é via de mão única... Queria dizer que nada é mais confortador do que saber que um outro existe com quem dividir planos, alegrias e frustrações... Queria rir dos que negam o amor, dizendo que eles nunca amaram... Juro, Naiara, que eu preferiria ter dito essas palavras... mas a vida paralisou minha vontade no momento (ou momentos?) em que descobri que, lamentavelmente, isso tudo é uma grande mentira. Perdoe, jovem Naiara.