domingo, 23 de outubro de 2005

Auto-sabotagem

No Aurélio, "sabotagem" é o ato de prejudicar, solapar clandestinamente. É uma palavra feia, mas cujo sentido nós apredemos a decodificar com o tempo. São muito os sabotadores que nos rodeiam. Há os sabotadores francos, que o fazem de maneira surpreendentemente assumida; há os falsos - os piores!- que se fingem de amigo e montam armadilhas em nossas costas. Há os tolos, coitados, que querem sabotar, mas não sabem como e caem no ridículo... Mas de todos os sabotadores, o pior somos nós mesmos. É esquisito, non-sense, absurdo, inecraditável: mas a auto-sabotagem tem cada vez mais adeptos. Gente que impede a sua própria felicidade, que faz de tudo para afastar de si amigos e sensações que dão prazer. Parece um tipo de gente frustrada, medrosa: o tipo de pessoa que, para não sofrer com as perdas (elas virão, é possível e provável), não aceitam a alegria dos ganhos (ainda que momentâneos). Pessoas assim não precisam de inimigos, revezam o papel de protagonista e antagonista de sua própria vida... na verdade, são os seus piores inimigos. O que leva alguém à auto-sabotagem? Algum desajuste psíquico tão grave que leva o sujeito a ofender aqueles que ama como quem diz "DEixa em paz meu coração, que ele é um pote até aqui de mágoa..." Dizer aos auto-sabotadores: relaxe, aproveite a vida, não deixe de viver o prazer de hoje pelo medo do amanhã, carpe diem... não sei se esse discurso funcionaria... Penso que a única maneira de evitar esse comportamento é oferecer-lhe colo, palavras de carinho que aumentem sua auto-estima, muita tolerânica e, principalmente, perdão. Porque, depois da auto-sabotagem, vem a culpa...depois a vergonha...depois o isolamento...depois, finalmente (esse era o alvo), o sofrimento: seqüência boa para quem constrói suas próprias armadilhas... Os outros já nos prejudicam, nos solapam, sabotam nossos planos... não precisamos de ajudantes! Sobretudo de auto-ajuda (ou seria auto-flagelação?....).