terça-feira, 9 de agosto de 2005

(Des)controle

Que me desculpem os aventureiros, mas o mínimo de rotina é fundamental. Adoro a sensação de que tudo está dentro das expectativas, amo a idéia de que está tudo sob controle - apesar de ultimamente não ter tido muito controle nem sobre o controle remoto da televisão (ah! filhos!!). Sair da rotina me incomoda, os imprevistos me desesperam... tenho um certo prazer em controlar minha vida, mesmo sabendo que isso é uma doce ilusão, e que ter controle é apenas ter a ilusão do controle. Ainda assim, dá-me paz acreditar que tudo o que acontece na minha vida é previsível e decidido por mim - acho que sofro da síndrome de deus, fazer o quê? Terapia? Ah, já faço! Nas questões pessoais, então, sinto-me bem poderosa. Estou sozinha porque quero e não é só isso: continuarei sozinha porque quero... Bobagem, ingenuidade, tolice. De repente, do nada, acontece o imprevisto e eu perco o controle. Minhas emoções tão seguras se dissolvem e eu me sinto um daqueles antigos brinquedos (o Tamagochi, lembram-se?) que precisa ser alimentado, amado, enfim, eca!, controlado. Sim, sim...estou falando de amores repentinos, daqueles que nos desestabilizam e nos tiram da rotina! Mas esse tipo de tema, convenhamos, não se adapta muito a uma crônica... merece uma poesia! Então, lá vai:

A TEIA

Eu, que me julgava tão soberana,
senhora das minhas vontades,
fui capturada pelo inesperado.
Tão acostumada estava a nada esperar
Tão acomodada sentia-me à minha solidão
Tão sensatas julgava as minhas escolhas
Tão traqüilos eram meus caminhos
Eu, ridícula e tola,
Fui violentamente seqüestrada pelo inesperado.
E agora,
Nesta teia em que me encontro,
Feita de olhares, esperas e silêncios,
Espero, humilde e ansiosa,
Que outro inesperado me salve.


Alguém tem um controle para empréstimo, aluguel ou venda? Paga-se bem!

4 comentários:

Anônimo disse...

"E a única coisa que me espera é o inesperado" de Clarisse Lispector... Eu tb naum consigo viver sem ter o controle da minha vida... Ateh gosto de paixoes repentinas, se eu puder controla-las... Preciso de hora pra tudo, senao fico louca... Aiai Tereza... eu me pareço com vc... beijos (saudades)

Anônimo disse...

Oi Tereza,
Muito bonito esse poema.Também me sinto assim as vezes com o que você disse.Beijos...

Manaíra Lacerda disse...

caracaaaaas!!! nossas crônicas tão quase iguais! e eu nao tinha lido a sua antes de fazer a minha

vai lá no meu blog, o nome do texto é: Eu amo a rotina!

www.manaiura.blogspot.com

Anônimo disse...

ah, eu nunca fui das mais controladas, mas qndo baixa a estabilidade na minha vida eu gosto de pelo menos tentar mantê-la... e nesse caso, eh msmo mto ruim perder o controle, a nao ser q seja por um bom motivo..
gostei da poesia, mto boa =)
bjoss